Vou mascarar-me de borboleta, para ser diferente. Vou dar asas à minha imaginação e vou voar daqui para fora. Sem tu saberes que eu sou aquela borboleta, vou pousar no parapeito da janela do teu quarto e vou ficar ali a fazer o que mais gosto: observar-te. Quando estiver calor, vais abrir a janela e eu vou entrar. Aí vou poder pousar em tudo o que é teu. Quando adormeceres, vou pousar em ti. Vou pousar no teu nariz para conseguir ouvir de perto o teu respirar. Vou pousar nos teus lábios... Mas sabes porque farei tudo isto? Porque não quero mais nada a não ser estar perto de ti. Ter a tua presença como plano central. Sinto-me segura contigo, sei que ninguém conseguirá fazer-me mal enquanto estiveres por perto. És o meu anjo da guarda. Sei que se avançar com isto vou gerar confusão tanto em mim como em ti, e na escola... Os olhares vão estar sobre nós e todos vão dar a sua opinião, por mais querida ou maquiavélica que seja. E eu tenho medo, tenho medo que isso destrua o que quer que venhamos a construir e que te vás embora. Tenho medo que caias outra vez e tenho ainda mais medo que não te levantes. Mas se tudo isto acabar ou se nem chegar a começar sequer, lembra-te que eu sou aquela borboleta que pousa em ti, todas as noites!
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